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quinta-feira, 30 de junho de 2011

Quando se cumprir o tempo

As rosas singelas desfolham-se,
as pedras negras que piso choram,
quando passo por elas.
Lamentam o meu penar
a minha dor, a minha solidão,
que assombram o meu viver.
Perdi-te nas sombras do memorial
que erguemos ao amor que já foi nosso,
e já não é.
Nele gravamos a fogo odes e hinos em pedras vivas que ruíram
na intemporalidade de um tempo que já não volta.
Partiste e nada mais resta.
As coroas de rosmaninho e alecrim
que entrançamos e nos coroávamos
voltaram à terra de onde vieram.
As veredas verdejantes de húmido musgo,
os recantos floridos de camomilas e rubras papoilas,
eram nossos, agora são de todos que nada sabem.
Já não te encontrarei esperando por mim.
Rasguei a túnica, cai ao chão, gritei em silêncio por ti.
Não ouviste os rogos, as súplicas, os lamentos,
fiquei ali num abismo que abriste em mim.
Esperei-te desde o principio, antes do tempo ser tempo,
esperar-te-ei no fim, depois do tempo ser tempo.

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