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quinta-feira, 30 de junho de 2011


Descobri, ou melhor, encontrei um caderno onde tinha o hábito de escrever poemas.
Estava mesmo esquecido, é o que dá quando nos armamos em "gata borralheira", quando decidimos fazer uma limpeza em alguns espaços que vamos deixando sempre para amanhã. Vejam lá se no lugar do caderno tivesse encontrado uns maços de notas de euros, sem dúvida que teriam mais utilidade que estes míseros poemas que datam da época do Romantismo, estando portanto bem ultrapassados. Só para verem como realmente me iludi, depois de tantas doses já fiquei imunizada, vou colocar neste blogue alguns poemas dos mais irrepreensíveis, outros não posso, senão passaria a ser um blogue semi-erótico, e para isso já por ai há uns.

Quando se cumprir o tempo

As rosas singelas desfolham-se,
as pedras negras que piso choram,
quando passo por elas.
Lamentam o meu penar
a minha dor, a minha solidão,
que assombram o meu viver.
Perdi-te nas sombras do memorial
que erguemos ao amor que já foi nosso,
e já não é.
Nele gravamos a fogo odes e hinos em pedras vivas que ruíram
na intemporalidade de um tempo que já não volta.
Partiste e nada mais resta.
As coroas de rosmaninho e alecrim
que entrançamos e nos coroávamos
voltaram à terra de onde vieram.
As veredas verdejantes de húmido musgo,
os recantos floridos de camomilas e rubras papoilas,
eram nossos, agora são de todos que nada sabem.
Já não te encontrarei esperando por mim.
Rasguei a túnica, cai ao chão, gritei em silêncio por ti.
Não ouviste os rogos, as súplicas, os lamentos,
fiquei ali num abismo que abriste em mim.
Esperei-te desde o principio, antes do tempo ser tempo,
esperar-te-ei no fim, depois do tempo ser tempo.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Existem dias, hoje é um deles, em que me sinto uma verdadeira Dian Fossey.

As "macacadas" que tenho de suportar por parte de alguns "gorilas" que comigo coabitam, põem à prova a minha paciência. Mas sou paciente, afinal são apenas homens, uns primatas muito primários, que precisam de mim para não se extinguirem. Isto é que é ser feminista! Ah! Ah! Ah!.....

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dá para acreditar?

O nosso ex. primeiro-ministro, o Engº. Sócrates, vai retirar-se para França com o objetivo de fazer um ano "sabático" estudando Filosofia.





Provavelmente estudará Sócrates, o filósofo grego, estudando Platão e Xenofonte, seus discípulos, que deixaram através dos seus escritos a sua vida e o seu pensamento, visto não deixar nada escrito. Poderá aprender com ele o significado e finalidade da vida humana.


Mas talvez faça um estudo mais aprofundado do sofisma a que muito recorria enquanto primeiro-ministro, quando enganava e iludia o povo.



Se realmente for estudar Filosofia deverá, obrigatoriamente, começar pelo seu homónimo, e com muita humildade afirmar, usando a sua famosa frase: "Só sei que nada sei!".

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Verão

O

Verão chegou com todas as "armas e bagagens" que fazem parte do seu roteiro, sol, calor, férias, praia, noites animadas e "emborrachadas", romances escaldantes, amores de curta duração, (amores de Verão), vestuário reduzido e provocante, piqueniques, visitas de familiares e amigos, esplanadas cheias, gelados espetáculos de rua, queimaduras solares, picadas de melgas e mosquitos, noites insuportavelmente quentes, falta de estacionamentos, aumento dos preços, Ah! pois é! chegam os "camones" e tem de haver algum ganho extra.

Gosto do Verão, mas o que me incomoda são as temperaturas elevadíssimas que me fazem sofre terrivelmente, é que apesar de gostar do sol, sou uma filha do sol, ressinto-me muito com o calor, a minha pele não é recetiva aos seus benefícios. Gosto muito da praia, aliás gosto mesmo é do mar, e para poder usufruir dele a partir da praia vou para lá quase de madrugada, e quando o sol começa a aquecer mais intensamente tenho que voltar para as sombras.

Aqui em Sesimbra a praia já está concorrida, quando começarem as famosas férias de Verão vai ser difícil haver espaço para colocar uma toalha, é que eu preciso de espaço, tenho uma fobia qualquer à multidão que me leva a não frequentar a praia entre as dez da manhã e as seis da tarde, e devido ao calor obviamente.

O que gosto realmente são das praias desertas, ou pelo menos pouco frequentadas, estou cada vez mais "bicho do mato", têm os seus perigos é claro, mas recompensam em termos de privacidade, de descanso e onde o contato com a natureza é mais intenso. Que saudades eu já tenho da "minha" praia, e de outras às quais tive acesso, ter um barco proporciona-me estes prazeres.

Vou aguardar, este Verão, que surjam oportunidades para poder lá voltar.

As praias das fotos são: 1ª. Moinho de Baixo- Sesimbra
2ª. Praia das Adegas- Costa Vicentina































domingo, 19 de junho de 2011

Maldade ou Justiça?

Isto de não trabalhar para os outros tem a suas vantagens, duas delas são a gestão de horários e o planeamento de actividades. Faço o que quero na hora que quero e como quero, está dito!
Tenho imensa pena dos que estão condicionados pelo relógio, sobrando-lhes poucas horas para relaxarem, meditarem, praticarem actividades físicas (desportos) por puro prazer, e outras actividades lúdicas que exigem tempo, tempo esse que é dedicado às actividades laborais, infelizmente muitas vezes realizadas a contragosto, pois a única motivação é mesmo a monetária, e muitas vezes nem é compensatória.

Hoje, domingo, é considerado dia de descanso, não para todos claro, os que podem vão até à praia, que é quase sempre o local de eleição dos portugueses quando o calor chega em força, pelo menos nas férias para os que vivem longe do litoral, a praia e os centros comerciais, estes mais no Inverno. Como tenho o privilégio de morar quase "a dois passos" da praia fui até lá, mas quando começou a confusão, quando começaram a chegar as famílias com os respectivos farnéis é hora de regressar.

Retomando o que dizia anteriormente sobra as vantagens de ser dona do meu tempo, tenho ido à praia à hora em que muita gente está a sair de casa para "ganhar o pão com o suor do rosto", por volta das oito da manhã tenho um areal só para mim, e um mar onde gosto de ficar de "molho". Invejem-me lá!
Quando trabalhava para os outros, havia gente que me invejava pela profissão que exercia, e outros, descobri mais tarde, não gostavam de mim, com muita mágoa minha tudo fizeram para que eu não voltasse a exerce-la depois de um acidente que sofri, e do qual levei algum tempo para recuperar fisicamente, depois a "porta" que me garantiram continuar aberta, fechou-se na minha cara.

O cinismo é intolerável, e doí muito mais quando é usado pelas pessoas em quem confiamos, mas como digo muitas vezes, acredito na "lei do retorno", actualmente vejo essas pessoas cansadas de tanto trabalharem, sempre dependentes do relógio, parecem o coelho na história de "Alice no País das Maravilhas", andam desmotivadas, sem tempo para pequenos prazeres, como ir à praia, porque têm imensas obrigações, e cujos ordenados nem recompensam tanto sacrifício, ao fazer este comentário não me estou a vangloriar, ou a ser vingativa, estou apenas a contestar a verdade, afinal a inveja torna-nos mesmo amargos, e vejo isso nas expressões e atitudes dos que no passado me quiseram prejudicar. Agora até dá um certo gozo saber que sou invejada, principalmente porque não permito que isso me afecte, tenho o tempo à minha disposição e não o tempo que me condiciona, tomem lá e embrulhem, invejosas!




sábado, 18 de junho de 2011



"Quando estamos envolvidos com alguém temos o direito de saber tudo até ao último pormenor a respeito dessa pessoa, algo obviamente impossível."
"Não temos segredos" dizem nos filmes rostos animados e jovens, quando, como todos sabemos, a nossa vida está cheia de segredos, frequentemente escondidos de nós mesmo."


Passado Imperfeito--Julian Fellowwes

segunda-feira, 13 de junho de 2011

O que é a Verdade?

Conheço pessoas pelas quais sou incapaz de sentir empatia, dai criar distanciamento, outras, apesar da dificuldade de relacionamento e de interação, gosto muito delas, envolvo-me afectiva e emocionalmente.
Tenho sempre a estranha sensação, isto é o meu lado intuitivo a manifestar-se, que estas pessoas, com quem me relaciono são secretamente muito inseguras, não deixam transparecer tal, mas quem não as conhece como eu tem uma apreciação oposta, que não vacilam, aparentam sempre uma posição de superioridade, escudam-se numa atitude de: " Eu sei"; "Eu posso"; "Eu digo tudo o que tenho a dizer"; "O que tenho a dizer não deixo para amanhã"; "Eu digo sempre a verdade, doa a quem doer".

Sentem-se "donos da verdade", prepotentes, poderosos nas verdades que emitem, com o típico comportamento de falar tudo o que pensam.
Até estou de acordo, a verdade acima de tudo, a autenticidade deveria fazer parte das nossas relações com os outros, mas fico chocada quando são tão "verdadeiros" a dizerem tudo o que pensam infelizmente sem pensar em tudo o que dizem, conscientes garantem que o que dizem é a mais pura verdade sem reconhecerem que essas "verdades" são muitas vezes injustas e humilhantes. Têm ainda o desplante de, quando confrontados com tais atitudes, dizer que o que disseram não foi por mal.

Relaciono-me com duas pessoas assim, com uma o relacionamento é apenas ocasional, se fosse diário já teria com certeza criado esse distanciamento para não ser afectada. Esta pessoa diz, com alguma amargura na voz, que não tem amigos que é tudo uma falsidade que não confia em ninguém, estas interjeições causam-me dó, e fico a pensar porque será que não tem amigos, deveria estar rodeada deles, pois é tão autêntica, tão "verdadeira", deveria ser ovacionada, mas apercebo-me que afasta os amigos pelas suas verdades que são afinal duras criticas, bastante destrutivas. É caso para dizer "Com amigos assim quem é que precisa de inimigos".
Pois fique lá com a sua teoria da "verdade" que eu prefiro a minha: os amigos existem, são para manter usando o coração e não tanto a cabeça, é amar sem exigir que os outros pensem como nós que vejam tudo pelo mesmo prisma, e é acima de tudo respeitá-los nas sua diferenças, opiniões e opções, pois as suas verdades não são obrigatoriamente as nossas.

A outra pessoa, para finalizar a minha "tese", com quem me relaciono mais intimamente, e amo muito, também se diz "dono da verdade", mas é um mentiroso nato, acredita mesmo no que diz, vai ao exagero de deturpar tudo aquilo que os outros dizem e de colocar palavras na boca dos outros sem estes nunca as proferirem, quando lhe convém. "Mente com todos os dente que tem na boca", muitas vezes para se ilibar das barbaridades que lhe saem da "cloaca" tem a capacidade inata de "virar o feitiço contra o feiticeiro", de passar de réu a vítima, é impressionante.
Até me deixa atordoada e sem palavras com as "verdades" que verbaliza.
Que façam exame de consciência e admitam que não são tão "verdadeiros" com se julgam, "desçam do altar" e deixem de se intitular "donos da verdade"



O Oráculo

Há uns bons anos, quando trabalhei numa secretaria, tive como chefe o contabilista.
Tinha setenta anos, e trabalhava ainda devido a dificuldades financeiras, com família a seu cargo, e um elemento com sérios problemas de saúde. Tinha sido um "retornado", aqueles que regressaram à metrópole, depois do 25 de Abril de 1974, praticamente com a roupa que tinham vestida.
Foi para mim uma pessoa especial, com uma faculdade que ainda hoje continuo a acreditar, tinha a estranha sensação que me conhecia, quase posso dizer que conhecia a minha alma, sem eu falar de mim adivinhava os meus pensamentos, o que me deixava entre fascinada e assustada. Insistia comigo para eu aprender contabilidade, dizia que seria uma "arma" para eu singrar na vida, ainda aprendi umas coisas, mas números nunca foram o meu forte, e nem a tarefa me agradava.
No decorrer dessas "aulas" ia dizendo que se eu não agarrasse as oportunidades que iriam surgir, e só surgiriam uma vez, iria fazer muita "burrice" e lamentar enquanto fosse viva. Falava como um oráculo, deixava-me arrepiada, esforçava-me para não lhe dar crédito, o que de antemão já era uma grande asneira, mas a idade não permitia avaliar a extensão da predição.
Dizia que eu nunca poderia acusar ninguém por mais obstáculos que me pusessem no caminho, depois durante anos acusei outros, de modo a dificultar-me a caminhada, a grande responsável seria eu, seria a minha falta de coragem para dizer basta, para me impor, que levaria a renunciar a todos os meus sonhos e projetos, dizia muitas vezes: " Fecham-te a porta, salta pela janela, não deixes que te dominem, que te maniatem, que te amordacem." Também dizia que não estaria cá para ver e para me aconselhar, mas queria confiar que eu pensaria nas suas advertências.
Ainda era vivo quando eu fiz a primeira grande burrice, por medo, cobardia, insegurança, não consegui transpor o obstáculo que colocaram no meu caminho e cometi um dos maiores erros, de todos os que tenho cometido. Ainda teve oportunidade de dizer-me pessoalmente que, infelizmente, já contava que eu reagisse assim, daí estar constantemente a alertar-me, a "dar-me nas orelhas".
Mas quem nasce "burro nunca chega a cavalo", e as suas lições foram dissolvendo-se no pó do tempo. Passados anos, num momento em que o passado se faz presente, lembrei-me das suas palavras sábias, e admito que não errou nas predições que fazia, entrou na minha vida num determinado momento para me auxiliar na minha caminhada, mas optei por negligenciar as lições.
"O valor das coisas não estão no tempo que elas duram, mas na intensidade com que elas acontecem. Por isso existem momentos inexplicáveis e pessoas incomparáveis." Fernando Pessoa


Ob: Este texto foi inspirado numa conversa, onde a palavra que lhe serve de título foi mencionada, e levou de imediato a recordar-me daquele homem.

domingo, 5 de junho de 2011

Meditem















"Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde.
E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente de forma que acabam por viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer." Dalai Lama


Barragem do Monte da Rocha

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Recordar

No inicio deste mês, mais precisamente, no dia 1, fui, a convite de uma prima, visitar um local que há uma eternidade andava para visitar. Fui a um local onde, por pouco tempo, vivi. No Alentejo profundo, a aldeia de Stª. Clara-a-Velha ficou na memória, associada às andanças, quase de nómadas, que os meus pais faziam para os locais onde o meu pai era chamado em trabalho. Neste caso na barragem que tem o mesmo nome da aldeia.

Neste dia estive lá, é uma aldeia com população envelhecida, nada se compara aos seus tempos áureos, quando da construção da barragem, a escola ainda funciona, a mesma escola que frequentei, hoje tem apenas sete alunos do 1º. básico, e nove do pré-básico. Visitei a escola com uma ponta de nostalgia, foi alterada, mas o exterior continua a manter o estilo "Estado Novo", quis visitar a capela, mas infelizmente estava fechada, outro espaço, que tinha uma vaga ideia, a fonte, que tem um pequeno parque das merendas e uma churrasqueira.


Quando lá morei não habitava na aldeia, mas sim no cimo de um monte que lhe fica sobranceiro, para ir à escola tinha de atravessar a linha do comboio. Irei recordar para sempre esse local, e na minha memória estará sempre associado ao "Monte dos Vendavais" de Emily Brontê, livro que li uns anos depois, pelo facto de junto da casa existir um eucalipto enorme, que quando o vento soprava intensamente fazia um som assustador. A minha mãe tinha medo do local, além da casa não lhe agradar, tomou a decisão de voltar para o local de onde tínhamos partido anteriormente, Baixa da Banheira, concelho do Barreiro, onde o meu pai tinha trabalhado na construção do estádio da C.U.F.

Não vou alongar-me mais nesta "história", mas não poderia passar "em branco".

Vou apenas dizer que foi uma viagem divertida, quase um "rally", fomos quase sempre pelas estradas municipais ou regionais, permitindo deste modo visualizar um Alentejo que continua a ser pobre, abandonado, mas encerra tanta beleza, tanto sossego que só apetece lá voltar, e viver nessa simplicidade.

Também visitei a barragem, lógico, ia a Roma e não via o papa, estava praticamente cheia, aquele lençol de água, ali quase a perder de vista, convida ao relaxamento, ao descanso, ao "dolce fare niente". Vão até lá, e depois julguem por vós próprios. Quase acidental, pois por engano fomos por outra estrada, acabamos por ter o privilégio de ver a barragem do Monte da Rocha, também ela espectacular. Há enganos que valem bem por si.