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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Extremista



Sou a tua senhora, sou a tua escrava,
sou doce como mel, amarga como fel.
Sou como a água, sou como o fogo,
lágrima no teu rosto, sorriso na tua boca.

Sou o cume elevado da tua montanha,
o abismo sem fim onde te despenhas.
Sou o longo deserto no teu caminho,
o oásis luxuriante onde a sede sacias.

Sou a meiga pomba branca arrulhando,
o temível falcão que te vigia sem saberes.
Sou a modesta e singela bonina do campo,
a sedutora rosa rubra exposta num jardim.

Sou a tranquila e discreta fonte do bosque,
a cascata precipitando-se imponente, poderosa.
Sou a baía mansa e protetora que te acolhe
a vaga inesperada que no mar alto se agiganta.

Sou a brisa primaveril soprando suavemente,
o rude vento do norte que te eleva e arrebata.
Sou o maciço rochedo que te impede a passagem,
o verde prado do vale onde fatigado vens repousar.

Sou a alegre ninfa que no teu rio se banha,
a altiva e augusta deusa que te domina.
Sou a delicada fada que te leva ao arco-íris,
a feiticeira que te oferece a maça envenenada.

terça-feira, 27 de novembro de 2012


Esta bela "natureza morta" deu, passada uma hora aprox., uma bela compota e uma bela marmelada.

sábado, 24 de novembro de 2012

Meditem!

"Persistir na raiva é como apanhar um pedaço de carvão quente com a intenção de o atirar a alguém. É sempre quem o levanta que se queima."  Buda

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Hoje o mar em Sesimbra apresentava estes dois tons, azul e verde. Caminhar ao longo da praia é para mim um momento de intensa introspecção, auxiliada pelas cores que a isso induzem, que transmitem paz e serenidade. A ondulação era um pouco alterosa devido ao vento forte que soprava mas raramente é violenta, por vezes salta o muro que separa a praia da avenida marginal, e por esta espraia-se a seu belo prazer, não causando danos maiores, exceto o trabalho que dá aos funcionários da câmara varrerem toda a areia ali depositada.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Aulas privadas

Era uma menina. Bem! Não tão menina assim. Era uma adolescente de dezoito anos, perante a lei adulta, bem desenvolvidos tanto no físico como na falta de vergonha.
Durante a aula deixava-o completamente desconcertado, esforçava-se para não a olhar diretamente, mas era escusado, aqueles olhos seduziam-no, como a serpente seduz a presa, de tal forma que não conseguia impedir os seus de ir ao seu encontro, enganava-se, e por vezes gaguejava, quando explicava a matéria que tinha para dar.
Andava num conflito, sonhava de olhos abertos com aquele corpo que desejava, imaginava possui-la, sem que isso implicasse o desmoronar do seu mundo.
Era quarentão, como dizem os brasileiros, "enxuto", charmoso, com um "sexy appeal" irresistível, casado, pai  de uma adolescente,que, ironia, tinha praticamente a mesma idade da aluna que lhe tirava o sono. Nunca tinha traído a mulher, amava-a, tinha a certeza disso, mas o diabo monta armadilhas, e dava por si a avaliar o seu casamento, a rotina que se instalou, no desencanto e na magia que se quebrou. Envergonhava-se dos pensamentos, assaz obscenos que lhe vinham à cabeça, sempre que a miúda passava por ele e lhe lançava um olhar convidativo, quase lascivo, cheio de promessas, e com a voz velada e sedutora o cumprimentava.
Um dia, depois da aula terminar, com o pretexto de não ter percebido a matéria dada, a aluna ficou na sala, aproximou-se dele, quase paralisado pelo receio e excitação, com movimentos felinos, como gata com cio, foi  o que lhe ocorreu, murmura-lhe ao ouvido que o deseja, que sonha continuamente com ele, e saiu, deixando-o agora completamente paralisado de corpo e mente, teve de aguardar algum tempo até poder sair da sala por razões óbvias.
Uns dias depois voltou a usar o mesmo pretexto e ficou na sala depois do toque, quando ficaram apenas os dois beijou-o demoradamente, de modo que o deixou como sobre o efeito de uma qualquer droga.
Num belo final de tarde, com o sol a despedir-se no horizonte, encontrou-a esperando por ele junto do carro, que tinha deixado estacionado no parque da escola, abriu-lhe a porta sem raciocinar, nem medir o ato, ela entrou, e soube que a partir desse momento tinha caído na armadilha.
Morava numa aldeia afastada da cidade, e para lá chegar percorria uma estrada que atravessava espaços completamente desertos de vida humana, com alguns "montes" perdidos e abandonados pelo meio dos montados, guiava como alucinado, numa ânsia insuportável de chegar a um desses "montes" , ela a seu lado colocava-lhe a mão na coxa e fazia-a deslizar exercendo alguma pressão ao longo dela, e mais acima.
O carro avançou pelo caminho de terra que levava ao "monte", saíram do carro e entraram na casa em ruínas, e, ali, no chão entregaram-se numa voracidade tal, como se o mundo fosse acabar em seguida, e nada se aproveitasse dele.
Até ao final do ano escolar, com os exames à porta, o tempo começou a escassear para tanto amor, e a mentira começou a dominar muito facilmente, encontravam-se noutras horas e noutros locais, numa praia deserta num pinhal, ele dizendo em casa que tinha reuniões, ela, que ia encontrar-se com amigos para estudar.
Sabia que ignorava a mulher, já não lhe despertava desejo, para não levantar suspeitas ia dizendo que andava muito cansado, o que não deixava de ser verdade, as atividades extra familiares e extra-escolar deixavam-no de rastos.
Na sala de aulas esforçava-se para cumprir as suas obrigações mas só pensava no momento em que estaria com ela, que com os olhos o seduzia.
Um dia ela não esperou por ele, sabia dos comentários e murmúrios acerca da aluna que saia sempre da escola no carro do professor, e era estranho, visto que a aluna morava na cidade, a "dois passos" da escola, depois falaria com ela, combinariam encontrarem-se noutro local afastado da escola., não teve oportunidade...
Começaram as aulas de preparação aos exames, a aluna começou a esquivar-se, dizendo que tinha muito que estudar, pretendia uma boa média para ingressar na faculdade pretendida, nesse dia ela saiu da sala primeiro que todos os outros, convenceu-se que estaria a aguardá-lo junto do carro, quase correu, ao passar junto de uns arbustos viu dois vultos enroscados, teve a impressão que um deles era ela, retrocedeu e não viu nada, agora deva-lhe para as alucinações, chegou ao carro, ela não estava, ficou furioso, frustrado, e sem se aperceber que falava alto, mandou-a para a p*** que a pariu, que se f******.
Tentou falar com ela, ligou-lhe para o telemóvel, não atendeu, ficou danado, atendia sempre, e fazia-lhe propostas no mínimo indecentes, então agora já não queria nada com o "cota", já tinha satisfeito a curiosidade de se enrolar com um professor, deixava-o assim como se se fosse um trapo velho que se deita para o lixo, sempre que a via, caso tentasse aproximar-se, fazia-lhe sinal que não tinha disponibilidade, o tempo para estudar não permitia outras atividades, e nem atendia o telemóvel, que na maior parte das vezes que ligava estava desligado.
Uma manhã, não tinha aulas, teve de se deslocar à escola para uma reunião, e viu-a, viu-a com os olhos que a terra há-de comer, atracada a um gajo alto como uma viga, com um "bronze" de fazer inveja, com pinta de surfista, beijando-se sofregamente, então teve de encarar a realidade, tinha sido trocado, colocado na prateleira, que esperança estupidamente alimentou? 
Foi à reunião, quando voltou para casa a cabeça fervilhava, até sentia um peso extra, mas enfim, tinha de ser racional, tentou analisar as alternativas, sair de cena, o seu papel chegou ao fim, ir enfrentar o outro, talvez num duelo, que ridículo, esbofeteá-la, chamar-lhe todos os  piores adjectivos que conhecia ou tentar obter a sua compaixão, optou, sem dramatismos, por distanciar-se de uma relação que sempre soube não ter futuro, que um dia terminaria, foi apenas sexo, um deslumbramento ilusório, uma experiência gratificante.
Deixaram de se ver, soube que ela ingressou na faculdade pretendida, talvez continue a tentar e a conseguir engatar professores, tentar subir a fasquia.
A sua vida voltou à rotina de sempre, salvo um pormenor, quando faz "amor" com a mulher pensa na aluna, e a "performance" é das melhores, e continua a pensar que valeu a pena o risco.



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Aristides de Sousa Mendes,o cônsul de Bordéus.

Gostei!

Este filme fez honras ao cinema português, com bons atores e principalmente por divulgar este homem, um herói, que ficou durante anos esquecido por este povo,mas não pelo povo judeu.
A justiça foi-lhe feita, infelizmente, a titulo póstumo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Sentir a Filosofia

Não tenho feito nada de novo, aqui, neste espaço, o tempo condiciona-me, é pouco para o muito que quero fazer,(agora dediquei-me a outra atividade). Ler é sem dúvida prioritário, e como tal dediquei o tempo a ler esta apaixonante obra, onde três mulheres, duas da mesma época, outra uns séculos depois, vivem,cada uma à sua maneira, a paixão pela Filosofia

O prazer de ler a obra está expresso no seguinte comentário: "Que as palavras, se forem bem escolhidas, e a alma estiver no ponto, podem prolongar o prazer como afrodisíaco e acalmar a dor como analgésico"
                                                                Semanário Económico

A paixão de Descartes-erva-do-diabo - Teresa Moure