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domingo, 31 de maio de 2015

Depois

Que irás fazer amigo
do que sobrou de ti?
Alumiarei as mão de cinza
para que as vejam vazias.

E que irás fazer amigo
do deserto que te habita?
Plantarei uma hera
onde restam pedras nuas.
 
E depois, e depois, que farás ainda?
Farei perguntas sem resposta.

E quando te cansares de perguntar?
Dar-me-ei a ilusão de ter havido resposta.

E depois da ilusão amigo?
Virá a hora do silêncio
o repouso enfim.



quarta-feira, 20 de maio de 2015

3 HOURS Relaxing Music "Evening Meditation"



 Hoje, se fosse possível, teria ido até ao SPA, infelizmente não fui, seria óptimo uma massagem de pedras quentes para relaxar. Como não foi possível improvisei um SPA caseiro, acendi umas velas perfumadas, enchi a banheira de água quente e uns perfumados sais de lavanda, e ao som da música fui deslizando para o esquecimento, ou talvez fosse para o relaxamento, não interessa, na verdade esqueci por momentos os horrores deste mundo, estes horrores entram-nos pela porta adentro através de todos os meios de comunicação, que, parecendo propositado, repetem continuamente a informação, descrevendo ao pormenor a brutalidade, a maldade, que o ser humano é capaz, que, deste modo, de tanto ouvir, perde-se a capacidade de nos indignar e de sentir repulsa por tais actos, eu ainda me indigno e sinto repulsa, como tal decidi abster-me de ver toda a violência que domina o mundo, não vejo noticiários, não leio jornais, se calhar passo a ser uma  ignorante, mas prefiro a ignorância à indiferença, ao encolher de ombros, que vejo em muita gente. É também devido a estes comportamento e reações que o mundo vai mesmo de mal a pior, são aqueles que dizem enquanto for com os outros está tudo bem, ou com o mal dos outros posso eu bem.


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Crisálida


Hoje o dia não começou com bons augúrios, sinto-me inquieta, ansiosa, diria até que estou triste, estranhamente deu-me para chorar, e o mais estranho é que não sei porquê, talvez isto sejam coisas de "gajas", as mulheres têm estes momentos assim, choram sem saber porquê.
Na verdade, se me der ao trabalho de debruçar-me para o meu interior, lá para aquele local que no dia a dia ignoramos, pois temos mais que fazer, obterei resposta. Ultimamente devido a tantos afazeres deixei de ter tempo para me refugiar em mim, isto é voltar-me para mim própria, para o meu casulo e procurar nele lenimento para as inseguranças, incertezas, fragilidades e mágoas. Eu que tinha decidido ser feliz, estou a falhar, pensarão vocês, mas como podemos saborear a felicidade se não provarmos o seu oposto, por vezes temos de beber o veneno para procurar o antídoto, e parecendo uma conversa sem nexo, pois não descrevo seja o que for que me incomoda, estou apenas a filosofar, é o que gosto realmente de fazer.
Voltando ao presente, depois do que acima escrevi consegui apaziguar a minha alma atormentada, percebi realmente o que me deixava assim tão ansiosa, inquieta, é a ausência do silêncio, tenho estado envolvida em tantas atividades ruidosas, rodeada de muita gente naturalmente ruidosa, com noites  em que o sono resolveu ir para outras paragens, que é perfeitamente justo que precise de silêncio, aquele silêncio, que como sabem, eu tanto preciso para me encontrar. Concluindo, ainda bem que tenho este blog, ao escrever estas breves linhas, este texto que talvez não tenha nenhum interesse para vocês, encontrei-me, por ora fico no casulo mas brevemente, no tempo devido, serei novamente uma borboleta.

"O silêncio é falar em segredo com a própria dor, e mantê-lo até se converter em voo, oração ou canto."

Alberto Masferrer

quarta-feira, 13 de maio de 2015

 
Miguel Real neste fascinante romance descreve a cidade de Macau antes da transferência para a República Popular da China, quando a população oriunda de Portugal ali vivia numa comunidade fechada e preconceituosa em relação à comunidade chinesa, mas que não impediu o cruzamento de ambas, criando uma sociedade invulgar.
Uma particularidade deste romance é o realce dado a algumas personagens, que penso serem reais, faz referência a  gerações familiares que partiram de Sesimbra para Macau, e, vivendo eu em Sesimbra, conhecendo gente com o apelido Castanho, Peixoto e Nero, apelidos das personagens do livro, deduzo que haverá ligação genética entre eles. Há ainda referência à alcunha "Preto" havendo em Sesimbra algumas pessoas que a usam.