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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Revolução dos cravos








 Cinquenta anos depois Portugal comemora e festeja uma das suas mais proveitosas e menos violentas revoluções. Há cinquenta anos este povo libertou-se das amarras da ditadura, que por quarenta anos o fazia sofrer pela falta de liberdade, dignidade, onde a pobreza, a falta de escolaridade o mantinha numa servidão e ignorância quase total. Era ainda muito jovem, adolescente, quando  ocorreu a revolução mas recordo-me do que se viveu nesse dia no local onde residia com os meus pais, não vou contar, o interesse é relativo, vou sim falar do que se vivia durante a ditadura, regime conhecido por nós como Estado Novo. Hoje ouço muita gente a falar mal, só a apontar defeitos, ( não estou a defender a ditadura, longe de mim, infelizmente de todas as formas de governo é, sem dúvida a democracia a mais válida, com todos os defeitos que carrega. Nada é perfeito). Quando dizem que não havia escolaridade, o país tinha uma elevada taxa de analfabetismo, seria por culpa do governo? Não, não era, a escolaridade era obrigatória até à quarta classe, actual quarto ano, e depois havia possibilidade de continuarem a estudar, havia a escola comercial e industrial, de onde se saia com a formação para entrar no mercado de trabalho, até havia os colégios de freiras e os seminários que recebiam jovens, raparigas e rapazes, cujos pais não tinha rendimentos suficientes, mas os pais retiravam os filhos da escola para os por a trabalhar e assim aumentar o rendimento económico, até entre os mais pobres havia a ideia que ter muitos filhos era proveitoso, havia mais mão de obra, é verdade que as mulheres não tinham direito ao seu corpo, eram propriedade, primeiro dos pais e depois dos maridos, mas desde sempre as mulheres sabiam, conhecimentos ancestrais, de como evitar a gravidez e até de não a levar avante, havia sempre uma tia, uma avó, uma vizinha com esses conhecimentos, hoje temos direito ao aborto, ainda bem, sou a favor, nenhuma mulher deve parir não desejando o filho por uma série de motivos, temos métodos anticoncepcionais para se viver a sexualidade sem a responsabilidade de uma maternidade. Dizem que não tínhamos um Serviço Nacional De Saúde eficaz, pelo contrário tínhamos médico no próprio dia, hoje a consulta é agendada, por vezes, para meses depois, e se for urgente lá se vai para os hospitais, ficando estes sobrecarregados, muitas vezes, por casos que se resolviam num centro de saúde da área de residência, e nas quais o serviço de urgências funcionava vinte e quatro horas com áreas de análises e radiologia, todos estes serviços eram gratuitos, agora muitos desses exames são por conta do utente, que se não tiver dinheiro não os faz. Talvez pensem que ao escrever isto fosse uma privilegiada, não era o caso mas sou de uma família onde pai e mãe trabalhavam para dar a mim e ao meu irmão uma certa qualidade de vida, que hoje, infelizmente muita gente não têm, a pobreza aumentou, o fosso entre ricos e pobres aumentou de tal maneira que a classe que surgiu depois da industrialização do país já não existe. Durante o Estado Novo havia os sem abrigo, gente sem tecto mas a maioria era por opção ficarem na rua, eram conhecido por mendigos, ou porque se davam mal com a família ou porque não queriam trabalhar, porque trabalho era coisa que não faltava, as condições de trabalho não eram das melhores, os ordenados eram baixos mas podiam sempre ir em busca de outras melhorias, por vezes para o estrangeiro, outras para outras terras deste país, mas hoje nada mudou, continua-se a imigrar e cada vez há mais desempregados e mais sem abrigo. Pessoalmente posso dizer, como mulher, que sou grata à revolução dos cravos, pois a mulher ganhou poder, tornou-se dona de si, do seu corpo, deixou de estar dependente do homem para ser um ser humano com todos os seus direitos e obrigações, viajar para o estrangeiro, ou para onde quer que fosse sem autorização de um homem, ingressar em carreiras profissionais que lhe estavam interditas, em ser mãe quando quiser mas não vejo entre o comum dos mortais mais respeito, mais reciprocidade, mais ajuda, mais afectividade, a violência doméstica continua, muito mais sobre as mulheres, muitos homens continuam a ter na mente o código que lhe foi ministrado pela educação, estou a falar na geração dos 70, 60 anos, a educação judaico-cristã, sentem-se humilhados quando as companheiras conseguem chegar a cargos mais elevados e onde ganham mais que eles, claro que é  motivo muitas vezes para os casamentos, relações, chegarem ao fim, e terminarem, muitas de forma trágica. Depois entra a Justiça  com todas as suas injustiças, e onde , por vezes, a vitima passa a se a(o) meliante. Será tudo culpa do governo, tanto no Estado Novo como o actual ou o Homem na sua essência não mudará e culpa-se o governo por todas as nossas imperfeições, se, para se viver em comunidade, tiveram de criar leis, porque caso contrário  era a lei da selva, a lei da sobrevivência, portanto nada que vem do Homem é perfeito e apesar de tudo o que está errado, e estará sempre, viver em Democracia vale a pena, nem que seja votar e dizer mal do governo, chamando ao políticos todos os nomes indesejáveis sem que acaba a sermos torturados e apodrecer numa prisão. Viva a Democracia.  

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Museu de Falcoaria em Salvaterra de Magos


















 Mais uma visita ao museu, aquele espaço que o companheiro não aprecia, onde entra e sai sem ver nada, só entra para me calar, fomos ao Museu de Falcoaria, cuja prática é considerada pela UNESCO Património Cultural e Imaterial da Humanidade, que encontrou neste antigo Paço Real em Salvaterra de Magos um espaço de preservação e pesquisa. É uma das mais antigas relações entre o homem e a ave.

terça-feira, 2 de abril de 2024

Navegando no Tejo


 

No museu



















Em Escaroupim visitamos o museu dedicado à Cultura Avieira, que nos leva ao passado, com uma explicação cultural das correntes migratórias dos Avieiros, gentes da região litoral/norte, para o Tejo. Mostra-nos como viviam, em casas palafitas e barcos bateiras.
 

Navegando por este rio afora (Tejo)








 Partindo do cais da aldeia de Escaroupim, freguesia de concelho de Salvaterra de Magos, navegamos pelo rio Tejo, à descoberta de um dos segredos mais bem guardados do Ribatejo, um Tejo natural, com paisagens lindíssimas. Durante o percurso podemos observar, nas ilhotas e mouchões, cavalos em liberdade, diferentes tipos de aves, como as garças, ibís, milhafre, águia pesqueira, abelharuco, entre outras. Há outra ilhota denominada "ilha dos amores", diz a tradição que nos tempos idos, não tive a informação do tempo, os casais recém casados passavam a noite de núpcias nessa ilha e de manhã a população da aldeia de onde eram ia até lá para verem o lençol, que usado pelos noivos, confirmava a virgindade da noiva. Se isso ainda fosse permitido a maioria das noivas estava desgraçada.  

sexta-feira, 22 de março de 2024

Ser Mulher

Fui, na segunda feira, a uma aula de meditação, no ashram onde pratico yoga, foi diferente de todas as outras onde tenho participado, o tema era a Mulher, o Eterno Feminino, a mestra que guiava a meditação fez uma abordagem ao assunto começando por fazermos a meditação de pé, de olhos fechados não é muito fácil mas consegui fazer, falou sobre as nossas ancestrais maternas, prestando-lhe homenagem e se possível perdoar-lhe pelas suas falhas, e ainda fazendo sempre referência à mulher mãe, a que dá a vida mas que ainda assim é Mulher, a que tem em si o poder, que muitas vezes desconhece. Esta introdução é apenas para informar qual o tema e a forma como decorreu, falando do que senti é mais difícil, começo por dizer que esta forma de meditar apresentou para mim alguma dificuldade, felizmente ligeira, pelo facto de ser de pé e de olhos fechados, o meu equilíbrio fica um pouco comprometido, outro facto onde também tenho dificuldade é ser uma meditação guiada, para mim, a meditação sentada, na posição de lótus e em silêncio é a que realmente faz sentido, e da qual tiro benefícios. Com toda a meditação guiada em torno da Mulher e da Mãe Terra, foi, para mim, um espaço de tempo um pouco transcendente, não que despertasse em mim valores que eu desconhecia, pois este género que me calhou nesta vida é perfeito, sou Mulher, adoro ser Mulher, e em mim vive o Eterno Feminino.  






















































 

segunda-feira, 18 de março de 2024