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domingo, 31 de março de 2019




Quando, nas minhas caminhadas, deparo com tanta beleza fica em mim um profundo sentimento de gratidão ao Criador. 























domingo, 24 de março de 2019

Crónica de: Saber viver

As amigas perguntam-lhe:
- Como é que consegues aguentar um casamento de anos sem grandes conflitos?
Responde-lhes:
- Com sedução, astúcia, malícia, cedência quando necessária, invenção, sentido de humor, e depois de tudo bem misturado, com as devidas proporções, a mistela daí resultante pode ser o tal amor de que todos andam em busca.
Voltam a insistir:
- Mas isso é muito difícil! Temos sempre de estar como se num jogo. A maioria das relações falham porque é impossível estarmos sempre a jogar, a inventar forma das coisas funcionarem, não era mais fácil mostramos se as coisas não forem como nós as esperávamos o melhor é cada um seguir o seu caminho.
Responde-lhes:
- Amigas: há relações que não funcionam mesmo, mas aí entram diversos antagonismos, graves diferenças e incompatibilidades que o melhor é os pares se separarem. Mas as relações humanas, e não só, o reino animal está aí para mostra, são jogos, uns têm mais habilidade, maior capacidade de jogar, uns são mais perdedores que outros.
Vejamos as mulheres comos uma cidadela que o homem decide conquistar, e se há coisa que o homem gosta é de conquistar, sentir-se o senhor, o macho da fêmea que quer dominar, submete-la ao seu jogo, se a mulher quiser ser conquistada deixa que o conquistador chegue à primeira cerca de muralhas, deixa-o entrar, e aí começam todas as lutas que levam ou não à total conquista. Na maioria das vezes o conquistador nem se apercebe que foi conquistado, ela permitiu o acesso usando de sedução, malícia, astúcia, deixa-o sentir-se dominador quando está a ser dominado. Nós mulheres temos armas poderosas para os ter aos pés sem que se deem conta. Diz-se que os homens querem  "caçar bisontes e foder" e também se diz que os homens prendem-se pelo coração e pelo estômago, ora aí estão as armas, a sedução, sexo, quando eles pensam que estão a foder estão é mesmo a serem fodidos, o sexo é mesmo uma grande amarra para os trazer pelo beicinho, façam uso da tentação da gula, seduzam-nos com comida, se não tiverem pesos na consciência devido ao seu estado de saúde, apresentem-lhes pratos ricos em colesterol, ácido úrico, triglicerídeos, ureia e outras "preciosidades", e eles são incapazes de recusar, fazendo-os sempre sentir que são livres, que a escolha é sempre deles.
Prende-los pelo coração já exige mais técnica, mais abnegação, já é necessário alguma afetividade, fazer o papel de mãe não é para todas, mas com um pouco de treino consegue-se um bom desempenho, adoram uma mulher que os mime, cuide, acarinhe, que dê colo quando estão carentes, têm saudades da mãezinha, outros para quem as mães foram "madrastas" querem mesmo uma mãe.
Nesta primeira cerca de muralhas a maioria dos homens sentem-se felizes, pouco mais almejam que o básico, se as mulheres estiveram cooperantes a relação funciona e até pode ser muito feliz, é obvio que nem todas as mulheres jogam esse jogo, viver essa simplicidade quase primitiva, querem sempre mais, as mulheres estão muito ambiciosas, estão a deixar os homens confusos ah. ah. ah……
Depois há outra cintura de muralhas que defendem o espaço mais sagrado: o interior da cidadela, e este pode ser inexpugnável, não é qualquer um que aí acede, e por vezes mesmo a nenhum lhe é concedido esse acesso, terá de ser um "conquistador" de almas, e esse são raríssimos, não se tropeça neles como se tropeça no homem comum. Quando um desses "conquistadores" de almas acedem ao mais sagrado, ao mais íntimo, ao mais profundo, aí dá-se uma fusão de almas, as relações serão eternas, mesmo depois da separação dos corpos.
Outra volta a perguntar-lhe:
É o teu caso?
- Responde-lhe:
À minha fortaleza, à minha cidadela sagrada não acedeu, mas também já não tenho tal ambição, contento-me com a invasão da primeira muralha, conquistou mas foi conquistado, fode-me mas é fodido, dou-lhe toda a liberdade mas tenho-o na mão, provoca-me, uso a ironia, tenta manipular-me, uso o sentido de humor, a capacidade de rir quando as coisas correm mal é uma arma altamente eficaz, deixei há muito de valorizar quase tudo o que faz sofrer o ser humano. Aconselho a usarem a sedução, não há homem que resista, adoram ser seduzidos, quase ponho a minha cabeça no cepo que em vez de cavaleiros, façam-nos pensar que são, terão vassalos.
Aprendam a jogar, a vida é um jogo, por vezes até podemos perder, mas essa jogada falhada ensina-nos a colocar a peça que nos dá o xeque-mate.
Disse às amigas que toda esta lição não é de maneira nenhuma a depreciar os homens, temos de viver com eles, então que possamos viver da melhor maneira, nem que seja ver a vida como um jogo.
E ironia: ela que nem a feijões sabe jogar ensina a deitar cartas para a vida.