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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Amiga Akiko Sakamoto









Durante vinte e cinco anos tive o grande privilégio de conviver quase diariamente com uma famosa artista japonesa, de Hiroshima, Akiko Sakamoto. Fomos vizinhas, "porta com porta".





Escolheu Portugal, depois de percorrer o mundo, desde as ilhas Hocaido, no Japão, para se fixar nesta vila piscatória, seduzida pelo sol, pelo mar e também pelos vinhos portugueses.




Foi professora, formada em pintura, ensinou desenho, aguarela, e desenvolveu a técnica "Esarara" (Batik) para aplicar em azulejos.
Fez várias exposições colectivas em galerias de Tóquio e Yokohama, em Portugal, não perdi nenhuma, expôs numa galeria com o patrocínio da Associação da Amizade Portugal-Japão, outra na Cidade Universitária de Lisboa, em Sesimbra no Grémio do Clube Sesimbrense.
Já regressou ao Japão, um dos motivos que a levou a partir, foi a tristeza, quase desgosto, de ver Sesimbra a perder qualidade ambiental, um dia viu as máquinas destruíram um vale lindo, cujo nome, Vale Paraíso, já por si diz tudo, viu as amendoeiras em flor que tanto amava e tantas vezes pintou serem arrancadas à terra, para dar lugar a monstruosos edifícios de apartamentos.

Eu, lamentavelmente, continuo a assistir à destruição de toda essa beleza. Agora por ironia, num desses espaços verdes, um olival, está a ser construído um condomínio, que terá o nome de "Jardins da Costa" e fica "paredes meias" com o cemitério, fica "encostado" ao "Jardim das Tabuletas" o qual não deixa de ser um "condomínio".

Se nesse olival, ficaram meia dúzias de oliveiras para o jardim do condomínio, fosse feito um jardim público, com o nome de "Jardim das oliveiras", seria de louvar e ofereciam um espaço que Sesimbra carece e bem merece.
Ao longo do tempo que me relacionei com a Akiko, foi-me ofertando algumas peças, azulejos, postais, aguarelas, trabalhos em "Origami", bonecos, entre os quais destaco uma boneca muito antiga, que me ofereceu na véspera de partir. Todos estes objectos são conservados, alguns são usados, com muito carinho.

Há pessoas com o "dom" de não serem esquecidas, ela é uma delas, pois a saudade permite mantê-las no coração, depois a tecnologia dá o seu contributo permitindo o contacto, que colmata a ausência.










Palavreado

Gosto das palavras!
Gosto de as traçar num caderno, encerrá-las num diário, pintá-las num mural, rabiscá-las num guardanapo.
Gosto de brincar com as palavras, baralhá-las, encontrá-las numa "sopa", fazer charadas, trocadilhos. Gosto das palavras que acariciam, das palavras que arrepiam sussurradas ao ouvido.
Gosto das palavras de encantar, das que fazem sonhar, das que fazem acreditar.
Gosto das palavras pacíficas, com poder de mudar o mundo. Gosto das palavras com sentido, e até das que não têm sentido nenhum. Gosto das palavras ao vento, das que me fazem rir, da ironia das palavras.
Gosto de as fazer rimar, de as classificar, das enumerar, das interpretar. Gosto das palavras homónimas, das homófonas, das homógrafas, das parónimas...
Gosto de dar uma palavra, gosto da palavra dada, gosto da palavra amiga, gosto da palavra de honra.
Mas, palavra!
Por vezes, muitas vezes!
Sinceramente, inesperadamente, inexplicavelmente, absurdamente, estupidamente, não sei porquê?
Faltam-me as palavras.
outras vezes não entendo palavra.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Medite:


"Se metade dos gastos militares do mundo fossem investidos em educação, os generais poderiam ser jardineiros, os polícias poetas e os psiquiatras músicos. A violência, a fome, o terrorismo
estariam só nas páginas dos dicionários e não nas nossas vidas".

Chicovsky (Ryan Braben)

terça-feira, 20 de abril de 2010

Jardim da Paz







Espaço para momentos Zen

Jardim da Paz - Buddha Éden
www.buddhaeden.com

domingo, 18 de abril de 2010

Fim de cena. Descer do pano

Conheciam-se aproximadamente há cinco meses, trabalhavam ambos na mesma área, cirurgia, ela auxiliar, ele enfermeiro. Nos dias em que estavam de serviço, trabalhavam em equipa, o contacto era meramente profissional.
Quando o conheceu, brincava com as amigas, dizia que tinha conhecido o homem da sua vida, o homem dos seus sonhos. Nada se passava que a levasse a pensar que ele teria algum interesse nela, pelo contrário parecia-lhe autoritário, distante e muito profissional. Não lhe passava pela cabeça seduzi-lo, o símbolo que usava no anelar da mão esquerda, era um sinal de proibição.
Mas Eros quer lá saber dessas tolices, dessas proibições, quando decide fazer das suas, é mesmo infantil o sacaninha, nada o impede, como lhe dá prazer ver os humanos a comportarem-se ridiculamente, tocou-lhe com a flecha no coração e ela viu-se devorada pela paixão, pelo desejo, ou mais comedidamente pelo amor.
As pessoas apaixonadas desenvolvem uns radares sensoriais, que captam os sinais emitidos pelos que estão na mesma frequência, começou por lhes dar atenção, foi decifrando-os nos olhares, nos toques das mãos, no aproximar, no roçar dos corpos, sempre que tinha pretextos para o fazer, para lhe chamar a atenção, ensiná-la e dar-lhe explicações para melhorar o desempenho das suas funções.
Trabalharam juntos na véspera de Natal, quando acabou o turno, ela poucas vezes o viu, a noite foi calma, esteve quase sempre na sala dos enfermeiros, ele chamou-a, foi, as pernas tremiam, já era habitual ser tomada por tal lassidão e tremor sempre que ele a chamava. Entrou na sala, ele por momentos nada disse, depois estendeu-lhe a mão, quase num murmúrio deseja-lhe um bom Natal, ela entrega-lhe a sua, se ele mais alguma coisa ia acrescentar, esqueceu-se, puxou-a para si e as bocas colaram-se num frenesim.
Quando se separaram, ele atordoado pediu-lhe desculpa e saiu precipitadamente da sala, ela tentou recompor-se, o estômago estava todo enrolado, parecia que tinha um ouriço dentro dele, o coração batia em taquicardia e a cabeça era um enorme buraco negro.
Esqueceu-se, teve de voltar atrás, a colega já tinha saído, e deixar o relatório do turno para as colegas do turno seguinte. Elas quando a viram acharam-na com mau aspecto, perguntaram-lhe se não estava bem, respondeu-lhe que estava melhor, tinha estado ligeiramente indisposta, alguma coisa que comeu. Como as mulheres são mentirosas!
Três dias depois do Natal trabalhavam juntos, tiveram a certeza que nada iria travar aquela paixão, em todos os momentos os olhos se procuravam, as mãos tocavam-se, os corpos roçavam-se, em qualquer canto isolado beijos eram trocados, aqui o profissionalismo não desempenhava qualquer papel.
Uns dias depois, no final do turno, ele convidou-a para irem beber café, não ali, no hospital, lá fora, na cidade, num café qualquer, ela esperou por ele, chovia torrencialmente, ela arriscou, atreveu-se e convidou-o para irem beber café ao seu minúsculo apartamento, ele hesitou, depois já não havia retorno, disse que sim.
E depois...a partir daqui não vejo necessidade de contar o que aconteceu, embora ela diga que não aconteceu nada, sou eu que vejo muitos filmes, toda a gente sabe o que acontece quando se aceita beber café no apartamento de alguém por quem nos sentimos irremediavelmente atraídos e vice versa.
Continuando...a história poderia terminar no: foram felizes para sempre, não sei se terminaria assim, visto haver uma terceira personagem que ainda não tinha conhecimento da cena, não se tendo portanto manifestado, infelizmente nunca o chegou a fazer, o destino, o karma, a sina, o fado, ou o que quer que lhe queiram chamar, se existe, não lhe deu essa oportunidade. A vida é mesmo traiçoeira, porra!
Na tarde cinzenta, quase negra, triste e chuvosa ambas o sepultaram, uma chorava copiosa e compulsivamente, a outra chorava também, mais contida, ainda bem que chovia, nada a cobria, assim ninguém via, ninguém se apercebia.




quinta-feira, 8 de abril de 2010

Arte


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Vi estas obras na cidade de Elvas. Visitem-na tem património que merece.







quinta-feira, 1 de abril de 2010

Olhem este cão!



Ter um cão assim à porta afastará os outros, impedindo-os de fazerem este gesto?