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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Poema sem nome

Se eu fosse a brisa singela,
que me toca na vidraça,
dava-te um beijo por graça,
quando abrisses a janela.
Se fosse um barquinho à vela,
uma lancha, uma canoa
rasgava com a minha proa,
as águas do meu sonhar,
como era bom te chamar,
se o teu nome fosse a pessoa.

Fosse alegra passarinho,
serias o meu telhado.
Procurava teu beirado,
e nele fazia o ninho.
Fosse pedra do caminho,
rendia-te meu cortejo,
fosse raiz de poejo,
serias água do vale.
Bastaria um só sinal,
já que a boca é o desejo.

Fosse a humilde giesta,
e tu a encosta da serra,
estendia-me sobra a terra,
contigo dormia a sesta.
Fosse a casinha mais modesta
do lugar onde nasci,
os sonhos que então vivi,
de que a minh'alma tem fome.
seria tudo em teu nome,
quando chamasse por ti.

Fosses noites do deserto,
na imensidão da areia,
tornava-me lua cheia,
beijava-te mais de perto.
E quando o sol, já desperto,
ao nosso olhar desse ensejo,
aquele céu que antevejo,
entre nuvens de saudade,
seria a realidade,
envolvia-te num beijo.

Do poeta Setubalense, (nascido em Elvas): Celso João Lobo Pasadas
Extraído da obra "Lágrimas no Firmamento"




1 comentário:

  1. Sonhar não é pecado,pecado é não fazer nada para que os sonhos se realizem

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