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sábado, 2 de julho de 2022

Silêncio

 Sabes, talvez já te tenha dito:

- Gosto dos sons do silêncio!

Para ti será um paradoxo; como é que o silêncio tem sons?

Se fizeres silêncio ouvirás a tarde aproximar-se de mansinho, a luz que se vai diluindo na penumbra que antecede o anoitecer, quando o som de mil chilreios enche o espaço, em voos rasantes em busca de abrigo, e se aquietam na verdura do vale.

Quando no silêncio ouves o mar beijar a areia, umas vezes meigamente, suavemente, outras no ímpeto incontrolável do desejo. Talvez nunca tenhas ouvido o som do silêncio, quando num ápice, nas horas tardias da noite uma estrela desce à terra, o silêncio do sol a despontar na madrugada, antes do mundo acordar.  

O silêncio das plantas a florir, no ligeiro murmúrio do vento a desfolhá-las, o silêncio de um livro nas mãos que me afasta da realidade, e, por vezes, me leva a mundos perdidos, que dormem também eles em silêncio mas cheios de sons. Quando me envolves no teu abraço o silêncio é mágico, tão cheio também ele de sons que vibram na alma, quando no silêncio do teu olhar ouço mil palavras.

Sempre que posso, e cada vez mais, deixo invadir-me pelo silêncio, ficando cheia de nada fico vazia de tudo.

 Tenta! irás conseguir, não queiras viver de sons mundanos, confusos e maléficos que deixam o espírito doente.  

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