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domingo, 27 de setembro de 2015

Confidente

Na sexta feira, dia 25 de Setembro, desloquei-me a Setúbal, mais exatamente ao hospital de S. Bernardo, há pouco mais de quinze dias foi-me feita uma pequena cirurgia a um pequeno angioma na mão esquerda, e neste dia fui à consulta para saber o resultado laboratorial, e fiquei a saber que é benigno, portanto está tudo bem, até a cicatriz fica quase imperceptível ou não fosse a cirurgia feita pelas mãos de um cirurgião plástico. 
O tempo de espera quase levou-me à exaustão, duas horas e meia, ora sentada ora de pé, e a sentir tal fome que não se pensa em mais nada, sai do hospital quatro horas depois de ter entrado, e já que o dia estava por minha conta decidi ir até à maior área comercial de Setúbal para almoçar, vai daí fui até ao "Allegro"  mas enquanto esperava pelo autocarro, que me levaria até lá, uma senhora fez de mim sua confidente, e aproximadamente em vinte minutos  contou-me a sua história de vida, desde que saiu da Africa do Sul, onde nasceu, filha de pais portugueses, e aos anos que vivia em Portugal, entretanto o autocarro da senhora chegou e despedimo-nos, nesse exato momento chega outra senhora e começa também a fazer confidências, essa oriunda de Angola mas era portuguesa pois, tinha nascido lá, ainda Angola era uma colónia portuguesa, e dizia que nunca mais iria voltar a Angola, não lhe deixou saudades, ainda lá tem familiares, serão eles a visitá-la caso tenham saudades dela.
Chegou o autocarro e entramos as duas, a senhora saiu antes de mim e despediu-se desejando-me muitas felicidades e dizendo que gostou muito de falar comigo, sim a senhora é que falou comigo, foi quase um monólogo, eu limitei-me a dizer uma ou outra frase de concordância. Até chegar ao destino pensei que que não era novidade nenhuma, desde que me lembro desconhecidos gostavam de conversar comigo, fazendo confidências, contando mágoas e dores que traziam consigo, quando era jovem nunca me incomodou essas ocorrências mas nunca analisei a minha atitude perante elas, eram perfeitamente naturais e aceitava-as como tal, depois com o tempo fui apercebendo-me, foi mesmo perceção, que as pessoas se aproximam de mim porque confiam, sentem que podem confiar, que o que contam fica em mim como num túmulo, e porque lhes dou tempo, porque guardo silêncio, só fazendo comentários quando estritamente necessários,  e principalmente porque sinto que quando se despedem vão mais serenas, gratas por alguém lhes dar atenção, e eu fico feliz por um tempo limitado poder ser o ombro amigo de alguém que carrega pesados fardos.
E cheguei ao "Allegro" e já que tinha o tempo a meu favor, esfomeada como estava devorei um salada de massa integral, com ananás, queijo feta,  camarões, rúcula, etc. e um sumo natural de goiaba, e no final tive de beber um café porque a tensão arterial estava tão baixa que já sentia-me como se navegasse num mar encapelado, habituei-me, julgava impossível, a beber café sem açúcar, e descobri um prazer especial mas também o café tem de ser muito bom, há por aí alguns que são mesmo puro veneno. Depois andei por ali a ver onde "paravam as modas" e, com não poderia deixar de ser, ir à "FNAC", ver onde param as novidades literárias e musicais, e outras coisas mais. 

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