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sábado, 31 de julho de 2010

Opções de vida

Vi na televisão uma reportagem feita no convento de S. José em Iquitos, na Amazónia Peruana, onde uma comunidade religiosa, as Carmelitas Descalças, vivem em regime de clausura.
Enquanto decorria a reportagem pensava "cá para os meus botões" que viver assim não é uma opção fácil, esta entrega total a uma fé, a uma crença, que as leva a renunciar ao mundo e às suas seduções, e ao afastamento dos entes queridos, é à partida uma decisão muito ponderada, nenhuma a toma levianamente ou por divertimento, será aquele "apelo" imperioso, o "chamamento"? Ainda que entre o noviciado e os votos finais decorra um determinado tempo, sendo livres de a qualquer momento retroceder.
Fiquei a pensar no assunto, e conclusão, viver assim não é nada difícil, viver no mundo, nas sociedades que criamos é que é dificílimo, ora vejam: refeições a horas, bem confeccionadas, embora simples, saudáveis, muitos dos alimentos são produzidos pela comunidade, têm hora para recreio, onde até jogam à bola, as outras actividades passam por assistir às missas, orar, bordar, ler, escrever, etc., tudo feito com muito amor e dedicação.
Mais, são casadas? tornam-se "esposas" de Cristo, que a única exigência que lhes faz é dedicarem-Lhe todos os seus momentos e os seus pensamentos, o que deduzo não ser fácil, pois é provável que tenham alguns que nem "às paredes confessam", mas pressuponho que serão perdoadas mais facilmente.
É um "esposo" que pede muito pouco, não têm de cozinhar, lavar, engomar, etc., para Ele, não têm de "levar" com discussões, violência, física, psicológica, abusos, vícios, mau-humor, incompatibilidades que geram discórdia.
Não têm de arcar com a família, que mesmo sendo o "pilar da sociedade" não deixa de ser uma fonte de stress, a célula que "mais dores de cabeça dá"
Não "levam" com patrões exploradores, abusos das autoridades, desemprego, fome, falta de habitação, e toda a lista de injustiças, que é demasiado longa para a enumerar aqui.
Isoladas pedem ao "esposo", através da oração, que tem muito poder, pelo mundo, pela salvação das "almas", pedem por nós, que neste "vale de lágrimas" em "prantos e gritos" caminhamos, os tresmalhados, pecadores, divididos, martirizados, oprimidos,desenraizados, ofendidos, humilhados, injustiçados, esses que digam se é fácil viver neste mundo?

Será que ainda vou a tempo de optar?

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