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domingo, 2 de novembro de 2014

Reflexão

Hoje é oficialmente o dia de Finados, é usual festejar-se no dia de Todos-os-Santos, dia 1 de Novembro, que comemora todos os santos que não cabem no calendário cristão, e por  ser mais prático cumprir o ritual de visitar os cemitérios para prestar homenagem aos mortos no dia feriado, e porque já está à muito enraizada a ideia que todos os mortos são santos, o que é absurdo,  mas é hoje que esse ritual se cumpre.
E porque o tema acaba sempre por ser comentado, não deixou de fazer parte das conversas rotineiras na mesa de um café com as amigas. Todas fizemos comentários, todas falamos dos nossos mortos, e no seguimento falou-se também da morte, pois é ela que serve de base para todo este cerimonial. É um conceito que pouca gente gosta de debater, se pudessem dispensavam, porque isso os obriga a enfrentar a sua mortalidade, e são muito raros aqueles que estão preparados ou se vão preparando para abandonar a "habitação", deixar apenas os despojos  num dia e numa hora que ninguém pode prever.
Pessoalmente não sou muito afetada quando confrontada com ela, não estou a referir-me à minha morte é evidente, apesar de já ter tido um "encontro imediato" com ela, mas nada recordar quando voltei ao meu corpo.
Confrontei-me com a morte na profissão que exerci, auxiliar de ação médica, talvez por isso tenha uma boa relação com ela nunca ficando abalada quando algum paciente morria, estando ao lado deles. Esta forma de aceitar a morte baseia-se numa crença tão intima de que ela é um portal, uma passagem para voltar para onde vim.
Esta conversa de café, parece mórbida não é? levou-me a escrever este texto para dizer que quando em família se fala na morte, principalmente os mais velhos, todos vão formulando os seus pedidos quanto ao modo como há-de decorrer esse cerimonial, eu já expressei o meu há muito tempo, quero ser cremada, seria inconcebível ser sepultada, sofro de claustrofobia, e  quero que as minhas cinzas sejam espalhadas pela serra da Arrábida, num local onde possa "voar",  ser a águia que sempre quis ser mas à qual cortaram as guias. Já tenho um local preferido onde possa dissolver-me no mar e na terra, o meu lado Peixes e o outro Virgem, e que seja num dia de vento para voar bem alto.

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