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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Estado de choque

Hoje a conversar com uma "amiga" fiquei quase em estado de choque.
Estávamos a comentar a demolição do bairro do Aleixo em Vila Nova de Gaia, um bairro social construído em 1973 para alojar famílias carenciadas, enquanto eu lamentava a sorte dos moradores em geral, mesmo sabendo que era um bairro problemático, onde a violência , droga e prostituição estavam no seu reino, dizia que ao serem realojados noutro bairro periférico seria como se fossem confinados a um "gueto", e nada mudava porque a violência, droga e prostituição iriam manter-se, é caso para dizer que se mudam as moscas mas não se muda a m....
E continuava a defender a minha opinião dizendo que tinham direito a regressar a um novo bairro situado no mesmo local, isto é se fosse construído um novo bairro social, mas não aquele espaço vai ver nascer um empreendimento privado, para a elite, para os VIPs, porque o espaço se situa numa área com uma paisagem magnífica, com vista sobre o rio Douro, ora é claro que isso não é para gente do bairro, principalmente social.
A minha "amiga" em resposta diz brutalmente que ainda bem que é assim, a "gentinha" do bairro social só deveria ser desalojada, fosse lá para bem longe, para o tal "gueto" pois os drogados, prostitutas, e quem desencadeia atos de violência deveriam ser todos metidos no mesmo espaço, e sem o dizer mas sei que pensou, afastados da sociedade, fiquei em choque, tentei refutar essa opinião dizendo que as coisas não se resolvem assim, que também são seres humanos e que não temos o direito de os marginalizar, e blá!blá!blá...
Interrompe-me bruscamente com raiva na voz dizendo que essa gente deveria era ser morta, perguntei-lhe se era nazi, pois também era adepta da "solução final", tiram as pessoas das suas casas, colocam-nas em "guetos" e depois eliminam-se, porque são indesejáveis, a humanidade não precisa dessa escória. Ainda para completar a sua tese declara que os ciganos também deveriam desaparecer, só sabem roubar, portanto outros condenados à "solução final".
Quando tentava argumentar dizendo-lhe que a sociedade só mudaria quando as mentes mudassem, a começar pelo mais básico, não descriminar, não dizer aos filhos que não se brinca com aquele menino ou menina porque é cigano, que falar com uma prostituta não implica enveredar pela profissão, que aliás deveria ser legalizada e ter todos os direitos laborais, que não deveríamos fugir a sete pés dos drogados porque nos podem viciar, legalizamos o vicio, assim já não haverá tanto filho da p... a encherem-se à custa destes desgraçados, e mais quem nos garante que algum dos nossos mais próximos não caia nesse vicio, quem tem telhas de vidro não atira pedras ao telhado do vizinho. Esta demagogia nazi já me estava a deixar chocada, quando ainda afirma que o que cá fazia falta era um Salazar e duas ou três PIDES, resolvíamos todas os nossos problemas sociais e Portugal tornava-se o paraíso, ninguém queria sair de cá, para quê? Tínhamos tudo garantido, mas para ela que no tempo do fascismo nunca passou privações, aliás pelo que conta era uma menina da sociedade, é lógico que tenha saudades desse passado. A amizade que sentia por ela ficou um bocado abalada, mas como respeito a opinião e sentimentos dos outros tentarei ultrapassar a desilusão que ficou em mim.

1 comentário:

  1. sem dúvida um pensamento radicalista, racista, hipocrita, ignorante... enfim... Porémmmm, não fazia mal nenhum alguns daqueles criminosos e traficantes lá vivem terem ficado na torre quando esta explodiu... há gente que nunca muda! e vão continuar ai a fazer mal a muita gente, mesmo com bairro ou sem bairro.

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