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sábado, 26 de dezembro de 2009

O Nosso Nobel da Literatura (1998)


 
Gosto do José Saramago! Gosto, e pronto.
Será preciso dizer mais?
Talvez não! Ou será?
Pois penso que sim! Ia lá deixar de vos dar esse prazer, esse "gostinho" de saberem o porquê de eu gostar de Saramago! Era impensável! Ah! Ah! Ah! ( não gosto de hi! hi! hi!, não gosto do risinho de hiena, gosto mais da gargalhada).
Sem mais delongas passo a explicar, ou melhor a esmiuçar (gosto mesmo desta palavra), os motivos por esta preferência.
Gosto do seu modo desafiador, provocador, irónico e directo, dos comentários que parecendo ofensivos, ( há muita boa gente que se ofende sim senhor!), são no entanto verdadeiros, e é verdade que a verdade é por vezes dolorosa. Gosto da sua forma peculiar de escrever, do sentido de humor, que se capta nas suas obras, umas vezes sarcástico e cru, outras sofisticado e requintado. Iniciei a leitura das suas obras pela "Jangada de Pedra", o que se diga em abono da verdade, me fez desistir, mas como sou teimosa por natureza, voltei a insistir e lá o li, o pior é que mesmo depois de ver o filme continuei sem perceber muito bem o enredo, ( isto talvez seja porque sou loura).
Mas despertou em mim algo, talvez uma atracção, não é fatal, mas irresistível, foi com o " Memorial do Convento" que me rendi. Seguiram-se "Terra de Pecado", o seu primeiro romance, " O Ano da Morte de Ricardo Reis; " O Evangelho Segundo Jesus Cristo", e por este quase foi excomungado, é um tema inquietante, mexe com valores dados como adquiridos, mas não o incomodou minimamente, visto ser ateu. " O Ensaio sobra a Cegueira" que me levou a ver o filme baseado na obra, ambos me impressionaram, levaram-me a ponderar "as cegueiras" que nos afectam.

O último que li foi "O Homem Duplicado", "que é um dos mais belos romances, uma intriga complexa, conduzida por mão de mestre" fazendo minhas as palavras da editora. (não há qualquer registo pessoal que identifique o comentário).
O seu ultimo comentário foi bombástico, mas (lá está o malfadado mas) o que comentou, embora ofendendo altas estâncias, a Bíblia é mesmo um "manual de maus costumes, um catálogo de crueldade e do pior da natureza humana". Só quem não leu poderá questionar, está recheada de: fratricídio, violações, perseguições, sentenças de morte, genocídios, guerras, provas cruéis de confiança, traições, adultérios, infanticídio, sacrifícios, se isto não é um manancial de horrores, o que será? E estando sujeita ao julgamento da "inquisição", estou plenamente de acordo com o comentário, é indiferente, já fui condenada a tantas "fogueiras", que estou naquela : "os cães ladram mas a caravana passa".
Segundo o pastor adventista Artur Machado: " a violência relatada é uma consequência dos actos humanos e não de Deus".
 
Na minha memória ficou uma frase de Saramago na obra "O Homem Duplicado" : "autênticos labirintos cretenses que são as relações humanas".


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