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quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Vida de cão

Nunca foi muito dado àquela coisa, qual é a coisa? Ah! Sim! Filosofia, mas ultimamente dava por si a meditar sobre a sua vida, depois de a analisar concluía que tinha mesmo "vida de cão".
Dava o "litro" para dar assistência a três mulheres, que, "raios as partam", eram mesmo três "cadelas". 
A legítima fazia-lhe a vida "negra", sempre a criticá-lo, a exigir, nada estava bem para ela, saía e entrava em casa sempre de "trombas", era o que via quando parava por lá, estava sempre cansada, com dores de cabeça, com o período, porque estava frio, porque estava calor, enfim todas aquelas coisas que as mulheres alegam quando não querem sexo, não há homem que aguente.
Ele não aguentou, e como tinha olhos na cara começou  a ver a governanta, uma quarentona jeitosa, a olhá-lo com cobiça, vai daí arriscou, e não é que lhe saiu a lotaria! A gaja alinhou no jogo, e ao contrário da legítima era danada para a "brincadeira", talvez devido a alguns anos de abstinência  não o largava, era a toda a hora e em qualquer lugar, salvo seja.
Um dia, durante o horário de trabalho, ainda não tinha dito que era "chauffeur", dizer assim era mais chique, privado de uma poderosa empresária, que por sinal tinha enviuvado recentemente, a patroa, assim sem mais, começou a elogiá-lo, que era elegante, isso é verdade, tem trinta anos, estava no auge, um corpo trabalhado num ginásio, e muito cuidado com a boca resultaram num físico espetacular, porque tinha uns olhos lindos, dizia-lhe que qualquer mulher ficava hipnotizada no verde dos seus olhos, porque tinha umas belas mãos, que com certeza saberiam acariciar muito bem. Ficou perplexo, confuso, não querem lá ver que outra quarentona, esta devido aos cuidados de beleza nos "spas" e nos ginásios, e talvez nas mãos de algum cirurgião plástico, aparentava quase metade, era boa "como o milho", se estava a "mandar" a ele.
Começou a exigir mais serviços, um dia disse à legítima que a patroa ia para uma conferência, e iria viajar de carro, e ele, claro, como "chauffeur" iria fazer o serviço. Se a patroa tinha alguma conferência agendada mandou-a "às urtigas" embarcou com ele no iate, atracado na marina desde a morte do marido, e se fez ao largo, sendo ela o piloto, o passeio não foi para muito longe, uma volta ao longo da costa durante três dias, maior volta levou ele, a mulher tinha tais carências que temeu pela própria vida , ia devorando-o. Depois levava-o muitas vezes em "trabalho".
Andava num "stress" para que cada uma não soubesse das outras.
Morava com a legítima num anexo construído na propriedade da patroa, tornando-se portanto difícil esconder a "alhada" onde se tinha metido, a legítima começou a  recriminá-lo, porque se esqueceu dela, porque não a elogiava, se calhar tinha outra? Como é que se lida com uma gaja assim, primeiro reclamava que não a deixava em paz, agora reclama que nem a vê, as mulheres são mesmo o "diabo", para a iludir, pôr-lhe "poeira nos olhos" lá ia uma "rapidinha" de vez em quando.
A governanta não lhe largava as calças, no início era apenas quando a patroa se ausentava para o estrangeiro, ou quando prescindia dos serviços e viajava sózinha, depois, mesmo com a patroa em casa, o raio da mulher estava possuída, pouco faltou para o procurar na sua própria casa.
A patroa, mais sofisticada, mais discreta, levava-o para os hotéis quando se deslocava em trabalho, tinha-o ali "à mão".
Julgava ou tentou convencer-se que estava tudo controlado, as três andavam felizes, ele é que andava estourado o que o levava a negligenciar a legítima e a governanta, pois a patroa "viajava" muito.
Quando, num raro dia, ficou em casa reparou que a mulher tinha mudado de visual, vestia uns "trapinhos" mais adequados à sua idade, ainda não tinha trinta anos, frequentava um ginásio que ficava na mesma rua onde trabalhava, ia lá à hora do almoço. Também saia com as amigas, iam beber um "copo" a um bar à noite. Tudo bem, tinha os mesmos direitos, ele nem sequer era machista, divertia-se, andava feliz, e agora até o seduzia, pensava aliviado.
Noutro dia em que ficou em casa, reparou, no final do dia, no jardineiro a aparar umas sebes, que ficavam muito próximas da sua casa, e que volta e meia olhava para lá, quando o viu ficou com a impressão que ficou nervoso, observou-o, era um jovem "giraço" pensou, qualquer mulher se sentiria atraída por ele, incluindo a legítima, sabia que num passado não muito distante a patroa, ainda casada, tinha tido um "caso" com ele, o fulano tinha sido o seu "fiel jardineiro". Voltou a observar, passado pouco tempo, o jardineiro a olhar para a casa enquanto podava as sebes, de tanto podar não iria sobrar sebes pelo que via, e viu, viu muito bem a legítima chegar à porta e com um leve aceno de mão cumprimenta-lo. Está bem! Não havia nenhum problema nisso, era natural, conheciam-se, mas o que não achou natural e lhe desagradou foi a troca de olhares entre ambos. Mau! Aqueles olhares eram suspeitos, tinha de se por "à coca".
Andava numa roda viva, de rastos, noites sem dormir que o prejudicavam bastante na condução, de vez em quando dava uma cabeçada, tinha de ter cuidado, qualquer dia dava asneira da grossa, se não cometesse um crime.
 O tempo foi decorrendo e continuava sempre em atividade, mas apercebeu-se que se tornava mais espaçada, as mulheres, aquelas cadelas, começaram por arranjar desculpas, tornavam-se difíceis, a esposa já não reclamava de nada, andava bem disposta, alegre mesmo, que nem um passarinho, via-a muitas vezes a conversar com o jardineiro, este levava-lhe mudas de plantas e ensinava-a a plantá-las, o que lhe colocou a "pulga atrás da orelha". Quando ia viajar com a patroa a desconfiança roía-o, não gostava nada daquela amizade.
A governanta começou por argumentar falta de tempo para se encontrar com ele, a patroa tinha-lhe duplicado o trabalho, queria-a a  vigiar, a fazer de espia, para a informar de tudo o que se passasse naquela casa, tinha de saber todos os segredos, ora isso era um bom motivo para não se encontrarem tantas vezes, e além disso não estava interessada em ser despedida.
Reparou que o jardineiro não só aparava as sebes, muito para lá do necessário, junto da sua casa, como também podava as roseiras que ficavam por baixo da Janela do escritório, ou espécie de escritório onde a governanta organizava os serviços relacionados com a manutenção da casa. Também viu que a governanta vinha muitas vezes à janela e fazia sorrisinhos parvos, ficando muito corada, como que envergonhada do que o puto lhe dizia.
Um dia a patroa, ele bem viu, ante de partir com ele para uma viagem, parou a falar com o jardineiro, fez-lhe um afago na face, um gesto sem importância, até parecia um carinho de mãe, só que aquele filho da mãe já tinha sido bem afagado por ela. Como já tinha mais tempo livre, as gajas agora não o requisitavam tanto, aproveitou para observar as rotinas, o jardineiro entrava em casa chamado pela patroa, para lhe levar flores frescas ao quarto, a governanta conversava muito com o jardineiro, este pelos vistos fazia-a rir às gargalhadas, pensou que o cansaço que aludia era de tanto rir.
A legítima andava numa de jardinagem, deu-lhe para plantar tudo, se calhar até lhe plantou um "par de cornos", ervas aromáticas eram agora as preferidas, e como não percebia nada de horta era o jardineiro que a ensinava,  viu-o sair algumas vezes lá de casa assim um bocado corado, talvez fosse de tanto cavar e plantar.
Começou a somar dois com dois, e não é que deu quatro, o jardineiro andava a podar as sua mulheres. Suas? Bem! Sua só a legítima, mas elas é que se mandaram a ele, portanto eram suas. Sentia-se um sultão com o seu pequeno harém, e agora aquelas cadelas, aquelas cabras, trocaram-no pelo jardineiro. Tinha de esclarecer as coisas! Mas como? À esposa sem a apanhar em flagrante nada iria fazer, às outras nada tinha a exigir, não tinham que lhe dar qualquer explicação. Ficou num dilema, tanto pensou, e concluiu que o melhor era ficar calado, afinal andavam todos felizes, ele tinha sua "quota parte", a esposa estava sempre à mão, para não levantar suspeitas, pensou ele, a governanta quando tinha "tempo livre" acenava-lhe, e a patroa levava-o muitas vezes em "trabalho", que mais pode um homem desejar. Afinal tinha "vida de cão" mas de cão de luxo. E como agora tinha mais tempo livre começou a reparar numa criadita lourinha, muito novinha, bonitinha e muito bem feitinha. Tinha mesmo muito tempo livre.


 




 











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