Assisti em dois dias a duas palestras de aprox. duas horas cada no ashram onde pratico yoga. A primeira, cujo tema era a dor e o sofrimento, e a várias maneiras de os evitar ou pelo menos minimizá-los, nada do que foi dito me surpreendeu, sem querer ser alguém imune à dor e ao sofrimento sei que os consigo superar, que não se apoderem de mim fazendo de mim uma pessoa amarga, sofredora e triste, naturalmente que isso implica anos de "treino", sofria por tudo e por nada, uma sensibilidade exacerbada que não conseguia controlar.
A vida não foi de todo madrasta mas posso dizer que levei alguns "pontapés" e alguns "murros" , não estou a falar de agressões físicas, essas nunca aconteceram mas as verbais deixaram profundas mágoas que consequentemente levam ao sofrimento.
Quando um dia decidi, não foi num passe de magia, demorei muito tempo até conseguir alcançar esse objectivo, iniciei a jornada para mudar-me, pretendia estupidamente mudar os outros, gradualmente, com recaídas, fui conseguindo que essas agressões não me atingissem, as injustiças que sempre me fizeram eram também motivo de sofrimento. Sozinha, não procurava ajuda, por vergonha, por receio de ser julgada, comecei a repetir para mim própria, como um mantra: não me destroem , não me destroem, já dizia Nietzsche que "o que não nos destroe fortalece-nos."
Como disse num texto, que escrevi neste blogue há uns anos, um livro veio parar às minhas mãos e abriu a porta, foi um "abre-te sésamo", para a mudança acontecer, "Pode curar a sua vida" de Louise Hay, inicialmente relutante, com dificuldade de por em prática os seus conselhos mas como estava a ir ao fundo agarrei-me a essa "tábua de salvação" e pouco a pouco fui emergindo do pântano onde me afundava.
Ainda sinto dor principalmente pela crueldade e desumanidade e pela destruição do nosso planeta que diariamente nos confrontamos, mas não permito que o sofrimento seja permanente. Anos passados posso dizer, convicta, que sou livre porque mudei, como dizia Viktor E. Frankl: " Se já não somos capazes de mudar a situação, somos convidados a mudar-nos a nós próprios." Essa frase passou a ser para mim a frase-chave. "Cada um de nós tem aquilo que precisa para experimentar a alegria." O Principezinho de Saint Exupéry.
A segunda palestra abordou o "Karma", aqui o assunto já é mais controverso, pois mais relacionado com filosofias e religiões orientais nem toda a gente consegue alcançar o que isso significa mas curiosamente em Portugal também temos algo parecido, o destino, que contrariamente ao Karma diz que não pudemos fugir do que nos foi predestinado, portanto que não pudemos mudar a nossa essência, pelo contrário o Karma diz que que tudo o que fazemos são causas e efeitos ou que todas as acções têm consequências, se as nossas acções foram boas as consequências também serão se forem más assim serão as consequências. Todos os nossos pensamentos, palavras, actos e omissões têm consequências, daí o perdão que os crentes religiosos pedem quando erram nos pensamentos, palavras, actos e omissões, possivelmente contrários à moral e à ética. Segundo a lei karmica podemos mudar, através da mudança do pensamento e acção, e o efeito será mudarmos o "Karma" desta vida ou até de vidas passadas, para mim que creio na reencarnação, não tenho dúvidas que em cada vida que teremos de viver neste mundo será para nos irmos libertando, tentando cumprir aquilo que tínhamos de cá fazer para um dia não voltar mais, pondo fim assim ao "Karma".
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