Atentai senhores nesta história de pasmar que vos quero contar:
Neste dia do Senhor, do ano da graça de 1976, iniciou-se uma longa viagem, se não por "mares nunca de antes navegados" continuam, pelo menos, a serem desconhecidos, só quem enceta esta viagem poderá testemunhar o quanto perigosa é. Perdoai, a cronista estava tentada a deixar a pena deslizar ao sabor da imaginação.
Irei escrever nesta crónica os esponsais de uma mui nobre "donzela" com um mui "nobre" cavaleiro.
Tudo começou nas vésperas, o "nobre" cavaleiro torceu um pé, não! não, vos apoquentais, não foi de uma queda do seu garboso corcel, quando em exímias artes de cavalaria se exibia perante a mui nobre "donzela", torceu o pé simplesmente enquanto caminhava. A nobre "donzela" muito solicita e caridosa tentou consolar o "sofredor", este estando "sofrendo lastimosamente", de modo mui brusco expulsou-a dos seu aposentos, prosaicamente mandou-a ir para o "olho da rua", e não bastando, usando ainda de maior crueldade, a ameaçou, que no dia da celebração dos esponsais não iria ser presente, isto é não iria comparecer no local assinalado para o acto. A mui nobre "donzela", triste, só, e desamparada, regressou aos seus domínios, levando o coração dilacerado de tanta dor, nada comentando com a sua corte. No dia assinalado, auxiliada pelas damas da corte ataviou-se, e saiu em cortejo para o terreiro, perdoai, para a Conservatória do Registo Civil, da comarca do reino. Na alma levava a dúvida atroz: iria ele estar presente?
Também ela fez uma jura, caso o "nobre" cavaleiro não fosse presente, ela iria usar de vingança, iria vingar a sua honra com sangue, ou seja, falando popularmente, iria "limpar-lhe o sebo" onde o encontrasse, nem que para isso tivesse de percorrer o "mundo".
Afinal o "nobre" cavaleiro fez-se presente, e os esponsais realizaram-se, ainda que sob maus auspícios.
E a viagem continua a decorrer, ainda por "mares" desconhecidos, enfrentando "adamastores", tempestades, tormentas, perigos vários, motins e tumultos a bordo, ainda assim vão encontrando algumas "ilhas dos amores", que lhes permitem saborear "doces néctares", e cativar alguns "deuses", e por vezes até chegar à "Índia".
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