Ontem fiz uma caminhada pela mata dos Medos, na Fonte da Telha. Fiz milhares de caminhadas, algumas delas por percursos quase impensáveis de fazer mas este foi, de longe, o mais impensável, para mim, num percurso de cinco Km foi pautado por diversos rituais, começando por ser feito descalças por trilhos de areia e caruma, folhagem de pinheiros, foi feito em silêncio, com paragens para fazer uso dos cinco sentidos, para usar a audição e distinguir os vários cantos das aves, da visão para observar o jogo de sombra e luz que o sol deixava neste espaço. O sentido do tacto foi, de olhos fechados, abraçar uma árvore, tocar nos ramos no chão, tocar numa pedra, numa folha de qualquer arbusto, para sentir a textura, o formato. O olfacto e o paladar foram testados, com os olhos vendados, com um alimento, um scnak de maçã desidratada, e um quadrado de chocolate, comidos muito lentamente, no fim foi oferecido um excelente chá de especiarias, onde tentamos identificá-las.
Cada vez mais necessito de participar em eventos deste género, onde possa silenciar a minha mente e conectar-me com a Natureza.
Uma curiosidade: Éramos dez mulheres e um homem, para os caminheiros que se cruzavam conosco, durante os rituais, talvez passássemos a imagem de um grupo de feiticeiras com o seu mago. Não sei se pensavam e comentavam mas eu senti-me uma delas.😄
Nota: Neste local, há muito conhecido por mim, passei a minha infância e uma parte da juventude a fazer esta percurso mas de doze km para chegar à praia da Fonte da Telha, doze para ir e doze para voltar, passávamos o dia na praia, de manhã ao fim do dia. Ontem caminhei um pouco pela antiga estrada que servia a localidade, e tantas memórias surgiram, memórias que não quero que se apaguem. Actualmente a mata foi recuperada, com passadiços e miradouros sobre a falésia fóssil da Costa da Caparica, e trilhos abertos na mata e a antiga estrada serve caminheiros e ciclistas.