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terça-feira, 26 de julho de 2022

Fuga à canícula



Para fugir à canícula deste Verão refugio-me em casa na companhia dos meus mais fiéis amigos.
Não vou alongar-me nos comentários sobre eles mas não posso deixar de o fazer. O primeiro é um retrato fiel do que é nascer e crescer num harém, feito pela própria autora. O segundo foi um dos livros que li após a revolução dos cravos (25 de Abril de 1974) anteriormente era um dos livros proibidos pelo Estado Novo (ditadura) devido ao facto de descrever na perfeição a miséria que se vivia em todas as áreas neste país e principalmente no Ribatejo sobre o qual a obra se inspira. Voltei a relê-lo com muito prazer. O terceiro  debruça-se sobre as memórias de infância de irmãos que se dispersam pelo mundo e um dia, depois de adultos, decidem reunir-se na casa que os viu nascer e crescer e aí todas as boas e más memórias, e até as esquecidas, surgem para os confrontar uns com os outros e concluírem que se tornaram estranhos.

 

sábado, 2 de julho de 2022

Silêncio

 Sabes, talvez já te tenha dito:

- Gosto dos sons do silêncio!

Para ti será um paradoxo; como é que o silêncio tem sons?

Se fizeres silêncio ouvirás a tarde aproximar-se de mansinho, a luz que se vai diluindo na penumbra que antecede o anoitecer, quando o som de mil chilreios enche o espaço, em voos rasantes em busca de abrigo, e se aquietam na verdura do vale.

Quando no silêncio ouves o mar beijar a areia, umas vezes meigamente, suavemente, outras no ímpeto incontrolável do desejo. Talvez nunca tenhas ouvido o som do silêncio, quando num ápice, nas horas tardias da noite uma estrela desce à terra, o silêncio do sol a despontar na madrugada, antes do mundo acordar.  

O silêncio das plantas a florir, no ligeiro murmúrio do vento a desfolhá-las, o silêncio de um livro nas mãos que me afasta da realidade, e, por vezes, me leva a mundos perdidos, que dormem também eles em silêncio mas cheios de sons. Quando me envolves no teu abraço o silêncio é mágico, tão cheio também ele de sons que vibram na alma, quando no silêncio do teu olhar ouço mil palavras.

Sempre que posso, e cada vez mais, deixo invadir-me pelo silêncio, ficando cheia de nada fico vazia de tudo.

 Tenta! irás conseguir, não queiras viver de sons mundanos, confusos e maléficos que deixam o espírito doente.